sábado, 13 de fevereiro de 2010

O Triste Fim da Mulher de Zeus


O rio corre ali, adiante, logo mais a frente. Onde foram parar as belas sinfonias?!? No mar de rosas chamado ilusão o sol nasce derrotando Set, mas ali, adiante, logo mais a frente a estrela morre derrotada pelo deus das trevas o qual renasce para morrer novamente pela manhã, derrotado, numa luta sem fim, dia após dia. E o que se vê? A ignorância humana prevalecer. E que história é essa? Trata-se da história de mim, de você, de nós, vós, eles! A história não contada na Aka De Mia, mas cantada por nós na embriaguez dionisíaca! Aclamada por nossas almas sedentas de vida nas vertentes abertas das veias da América Latina, Central, Setentrional; do Satélite de Júpiter, da Líbia, da Ασία, da terra que é um Oceano; e das terras de Gelo! O mar ergue-se imponente em sua altivez e majestade sublime, alvo dos olhares temerosos e admirados daquele ser, aquele ser que não sabe ser humano! Este é eu, tu, ele! Insignificantes diante do desejo coletivo do vento em ser forte para destruir tudo e todos a quem ali, mais além, querer aprisioná-lo em um mundo chamado história européia! E sob a voz estrondosa de causar calafrios emanados das fendas expostas de todo o sofrimento joga sua ira “Tu novo velho mundo és apenas um Satélite e o mais deplorável de todos eles! Roubaste dos outros o melhor e disseminaste o pior de ti ao mundo! Que o mundo faça então a sua vontade e lhe devolva todo o pior na mesma intensidade!”. E ao levantar da cama naquela bela manhã de primavera a mulher de Zeus então se deu conta: estava aprisionada em sua própria ilusão de vida criada, a antivida! E foi assim, no grito estridente do desespero aterrorizante de gritar sem conseguir emitir som, invadida da desesperança profunda e do horror maior, na esperança de um socorro o qual nunca viria, que a Europa viu-se no espelho, uma asquerosa mosca desesperada, presa na teia da aranha chamada niilismo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Se sou poeta, por medo não digo;
Pois que meus versos atabalhoados,
Sequer inspiram um reles espírito,
Quem dirá à corja dos letrados!


Poetas muitos se proclamam: uma façanha;
Vejo-os, ó Deus, com demasiado espanto!
Onde vós encontrardes facilidade tamanha?
Se incapaz de versar me corroo em pranto!


Envolto nesta questão, numa tal solidão vespertina,
É que de ar meus pulmões inflo: que agonia!
Berro aos céus, sedento, e questiono à força divina:


Andastes, em vão, espalhando sementes de euforia?
Alhures, provocando noutros auto-enganamento?
Ou é em mim, ó Força, que não reluz talento?


10/02/2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Introdução à vertigem


O primeiro poema do ano nasceu do sono. Nós dois ainda quentes da cama quando uma fresta fina saída da rua trouxe luz para o quarto e ordenou: pegue papel e caneta, ou seqüestrarei sua inspiração. Ele obedeceu. Eu continuei achando que poesia é difícil de alcançar. Uma imprecisão, mesmo que minúscula, carrega tudo para o brega. Terreno ensaboado esse. O que mais vejo é gente escorregando. Tudo ficou ainda mais complicado ao observá-lo tecendo seu poema. Deixa ir, pensei. Vou é ficar quieta, olhando de fora. Ele sussurrava letrinhas baixas à procura da palavra ideal. Descobri que é um artesão das sílabas. A seu pedido, guardei na gaveta por quatro dias, e hoje minha relação com o resultado mudou. Já vi detalhes que o frescor do momento roubou, a cegueira do encanto escondeu. Porém, escrito a escrito, continuo cultivando a sensação de mundo preenchido que cada poema oferece.


Crepúsculo da aurora enfraquecida

O peso do mundo em suas costas não lhe permitia levantar
Prostrada ante a aurora turva da luminária enfraquecida, pensava:
O dia está belo, quero estar lá

E de repente a janela se abriu
Uma profusão de raios luminosos revirou toda a bagunça do quarto
E esse foi o crepúsculo da aurora enfraquecida

E também foi o despertar de um coração que ao se desvencilhar das soturnas amarras
Rodopiou pela casa e foi ser feliz por aí...


Poeta do Exílio
Janeiro de 2010


osgemeos/vertigem