sábado, 30 de julho de 2011

A Nova Ordem:
Os povos livres

Emergem os Povos Livres


A autogestão se resignificou. Denominavam-se Povos Livres. Estrangeiros vinham de outros cantos para conhecê-los. Muitos (as) eram jornalistas. Certa vez um espanhol escreveu para sua coluna num jornal da Espanha “Y así com mucha solidaridad, trabajo e sueño Isso, ellos e ellas vivem cómo “pueblos libres””. As coisas começaram a tomar proporções – talvez – homéricas. A chama agora se espalhava pelo mundo. Frases como “Espalhem a chama dos novos tempos é chegada a era da bem aventurança!”. O mundo moderno estava ruindo. Ruíam também os bancos, os monopólios, as igrejas, o Estado (moderno). Instituições e estruturas em breve logo chegariam ao chão. Agora era questão de tempo.

A Nova Ordem:
Os povos livres

A Mudança está em curso


Aos poucos as pessoas começaram a trocar seus trabalhos, fossem artísticos ou “produções contra a fome”, como gostavam de dizer. No começo era apenas Isso para com seus vizinhos. Mas a coisa ganhou força quando a repressão chegou. As pessoas se uniram ainda mais e passaram a ajudar umas as outras. Queriam outra coisa. Sabiam agora – talvez pela primeira vez em suas existências – que não bastava derrotar o inimigo eminente, a raiz era mais embaixo. As subjetividades, ou melhor, o aprisionamento que os grandes Senhores fizeram delas começam a emergir na mente daquela gente. Era preciso mudar a relação do ser - humano; seja com o seu mundo, suas condições, com as pessoas ao seu redor, com as formas de se produzir, de agir, pensar e falar. De outro modo qualquer apenas dariam continuidade ocasionando no máximo mais uma alternância de poder.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

The diary of a young girl.

¨Margot and I started to pack. I packed the craziest things! This diary first, then handkerchiefs, schoolbooks, a comb and some old letters. Memories are more important to me than dresses.¨


The diary of a young girl - Anne Frank.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Coração das trevas

¨Vocês não conseguem entender? E como poderiam - com um calçamento de pedra debaixo dos seus pés, cercados por vizinhos gentis prontos a acudí-los ou lhes pedir algum favor, caminhando a passos contados entre o açougue e a polícia, no terror sacrossanto do escândalo, do cadafalso e dos hospícios - como podem vocês imaginar a qual região particular das eras primevas os pés desimpedidos de um homem podem levá-lo quando se depara com a solidão - a solidão absoluta, sem polícia - quando se depara com o silêncio - o silêncio absoluto, sem a voz do bom vizinho para ser ouvida e lembrar-lhe num murmúrio a opinião pública?¨




Cora
ção das trevas - J. Conrad.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Um brinde aos amigos

Este escrito que movimenta meus dedos contornando a ponta do lápis para que as palavras voltem a sintonizar meus pensamentos, só tem uma razão de ser;
Agradecer!
Agradeço a estas pessoas,
Pois guardam consigo o sentir que nunca fenece
E se em toda a parte a dor pode estar presente
Elas surgem resplandecentes,
Anestesiando todo e qualquer ferimento,
Compartilhando toda e qualquer alegria,
Vencendo toda e qualquer dor.

E isso é mais do que um simples sentir,
Pois possuí raízes profundas
Construídas de beleza e harmonia,
Oriundas de alegria
Que surgem como estrelas em noites tristes
E me fazem ter a honra de escrever e agradecer
Aos amigos que em minha vida existem.

Feliz dia do amigo!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A relatividade do tempo

Trânsito lento.
Observo o transeunte que só quer transitar
Lá longe ele já vai
Continuo no mesmo lugar.
Olho de um lado ao outro.
Me olho...
Tempo morto.
Duas horas a menos
Duas horas a mais
Duas horas iguais.
Os carros
O bom senso
O respeito
A solidão...
Manter a razão.
Vivamos, pois
O tempo que nos restar
Pois a espera é grande...

GABRIEL P. THIESEN
ABRIL, 2011.

sábado, 16 de julho de 2011

O Catador

Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido,
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais - o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro nessa função de catar
pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.
Garante a soberania do Ser mais do que Ter.

Manoel de Barros

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Campanha de Chicago

Abaixo, segue a Carta de um jovem Capitão-Tenente ao seu Almirante, na Guerra chamada de "Recomeço do Mundo". A Guerra entre os Internacionalistas e Pós-Modernos deu-se a partir de 2055, após forte desentendimento dos Estados Americanos (Latino Americanos) contra parte dos Estados Europeus e os Estados Unidos. A Guerra deu-se pela disputa do monopólio de recursos naturais já escassos no Globo Terrestre. Os Internacionalistas eram comandados por uma frente chamada de Intenacional, os Europeus eram comandados por uma ala chamada de "Pós-Modernos", que tinha maior força na França. A França tinha aniquilado os Ingleses e todos que se opuseram a política Global incentivada por parte destes Pós-Modernos. A vitória dos Pós-Modernos era dada como certa por todos os cantos do mundo, porém, ainda havia uma última resistência as ações globalizadoras. O conteúdo da carta abaixo, é escrito em um local onde pode-se chamar berço da Globalização. Visto que os Internacionalistas já tinham sido derrotados em seus próprios territórios (América Latina, Rússia e China), a esperança era surpreender em uma ofensiva no território inimigo.

Exmo. Sr. Almirante de Esquadra Kolesnevik

É com pesar que informo a baixa quase que total do 9º Regimento Eric Hobsbawn. Fomos pegos de surpresa pelo inimigo. Os pós-modernos atacaram com a 1º Cavalaria Jacques Derrida por Indiana, e não havia o que fazer se não recuar para o Oeste. Não bastasse o ataque da Cavalaria Pós-Moderna ao sul, ao Norte no Lago Michigan fomos cercados pela Esquadra Francesa. A tática deles é incompreensível, tudo o que tinhamos de informação tática não se concretizou. O inimigo nos esmaga cada vez mais para o Oeste, precisamos que o 1º Regimento Karl Marx, nossa última defesa no Colorado, os detenham por pelo menos 3 semanas, caso contrário, não conseguiremos recrutar Camaradas para reestabelecer o 9º Regimento, e o nosso grupo de refugiados será descoberto nos Canyons de Utah. 
Caso o Senhor permita a audácia deste Oficial de baixo escalão, lembro que as condições para paz honrosa por parte dos Pós-Modernos não nos afetará, visto que para eles, neste Pós-Guerra não teremos mais fronteiras separando as Nações, logo, o exílio não será praticado.  Os cidadãos simpatizantes do Mundo Internacionalista serão exterminados, deixando em terra somente os Cidadãos Globais e Militares do Oficialato Internacionalista. No caso deveremos migrar para o Exército Pós-Moderno. Creio que o melhor caminho seja ceder as exigências. Não teremos de nos esconder, e ninguém saberá das nossas identidades, visto que o banco de dados do Pós-Modernos deverá homogeinizar todos os Militares do Mundo. Precisamos no entanto fazer o juramento e esquecer o que fomos e quem amamos. Sacrificaremos nossos Cidadãos e suas ideologias momentâneamente, mas a causa não está perdida, visto que ainda temos uma última cópia do nosso "Manifesto". Precisamos de agilidade para salvar o futuro, a semente ainda está guardada.

Capitão-Tenente Aguiar
Chicago, 07 de Maio de 2068

TOA

Aquém

Antes de consumir as letras grafadas, favor escutar Only you - Portishead. Grato - e volte sempre!




Nas glândulas exócrinas, exala a solidão.
Na corrente sanguínea, o veneno-efeito-menina-má.
Aliás, ela, além-mar é, com todas as letras, além-má.
Doses intravenosas de melancolia:
agora já se tornara um escravo, não há mais volta,
não há - sequer se pensa em tal ousadia - em alforria.
A arrogância-juvenil-portátil havia se esfacelado:
sabia quase nada de quase tudo.
Vin-de-bordeaux-le-fotegnac-claret-appelation-bordeaux-contrôlée-merlot-cabernet-produit-de-france-3-5-0-0-6-1-0-0-4-6-2-9-2-e-1-3-%-e-7-5-c-l.
Entre o português, algum inglês tupiniquim e um pretenso etílico francês...
Nada.
E Ela, como é sabido, é o todo.
E o fim - uma palavra d`antes nunca utilizada no sentido denotativo da expressão - ...
Bem, o fim.
Que se viva antes de todo e qualquer fim!


Luccas Neves Stangler.
Escrito numa Londres isolada - aquém de várias realidades.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O(utro) idiota.

¨Oh, so you are a philosopher; but you aware of any talents, any ability whatever in yourself, of any sort by which you can earn your living? Excuse me again.¨
The idiota - F.D.







Aqueles ponteiros em frente ao Tâmisa que faziam o famoso e imponente relógio badalar eram um lembrete: o tempo está a passar, a solidão quiçá. O rapaz da jaqueta de couro que por ali vi passar pegou um ¨takeaway¨ qualquer para fazer, ao que tive a impressão, render seus míseros vinténs. Parecia desconectado de todos aqueles turísticos sorrisos. Devia ser um cidadão londrino, notava-se seu cinza-humor-distanciado. Ao caminhar, via-se em sua mão direita, não tão claramente, mas via-se, um livro com a insígnia, digo, título, que parecia traduzir seu sentimento, como sentia-se naquele instante: O idiota. ¨Bem-vindo à confraria¨, sorriu-me um senhor, algum senhor chamado Dostoiévski - conhecem?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O barão e os educadores: Fábula de um protesto no ducado de Catarina

O barão de Catarina não estava presente quando tudo aconteceu. Caso tivesse a oportunidade de estar presente no início da grande revolta, provavelmente se faria ausente, como as moedas guardadas para a educação no cofre de seu palácio. Os juízes dos reis já haviam decidido em sentença lavrada e assinada o cumprimento da lei não cumprida em muitos ducados do reino: o pagamento de um soldo mínimo aos educadores. O barão de Catarina viajava com seus conselheiros públicos e privados quando a decisão foi imposta pelos juízes reais. Os educadores resolveram em assembleia parar onde tudo começou: na própria lei. E os liceus foram fechados. Enquanto isso, o barão voava de um lado para o outro para conhecer a tecnologia dos trens, das carruagens e dos zepelins com os quais viajava, com a finalidade de encontrar alguns outros barões dispostos a trazer tal tecnologia para os ricos de seu ducado. E numa dessas velozes viagens, enquanto o mensageiro falava sobre o protesto dos professores, o barão brindou um vinho do porto e arrotou discretamente uma perdiz, nas proximidades donde Colombo partiu outrora. À noite, o barão sonhou com ovelhas, brincando pacificamente sobre a relva. De repente, o céu escurecia e as ovelhas estavam de olhos vermelhos, cerrados pelas negras olheiras. Derrubavam as cercas e entravam sujas nas casas oficiais de seu ducado. Algumas espumavam pela boca. Pareciam loucas por alguma razão. O barão despertou assustado, seu pijama de listas amarelas estava inteiramente molhado e o quarto cheirava a suor. Acordou a baronesa, que suspirava profundamente com o maxilar inferior solto, para lhe perguntar se ela havia tido também um sonho com ovelhas. Você está louco, perguntou, e voltou a dormir.
No dia seguinte, o barão partilhou seu pesadelo a seus conselheiros que, por sua vez, ao barão aconselharam consultar o adivinho. O adivinho acompanhava a comitiva e, no momento, era massageado por dois enormes mouros na sauna de Valência. Ao ouvir a narrativa onírica de seu superior durante o desjejum da comitiva, o adivinho associou as ovelhas aos educadores em revolta no ducado. Rapidamente em acordo, os conselheiros políticos aconselharam ao barão reforçar a guarda de seu palácio e aumentar o controle da milícia sobre todo professor ou parente de professor. A ideia de cumprir a lei ditada pelos juízes reais não veio a ninguém, porque o duque das finanças já havia dito que o orçamento do cofre público de seu ducado não poderia ser usado para arrumar escolas nem dar esmolas aos educadores, pois precisavam manter seus empregados e seus altos postos, suas indumentárias, suas viagens e toda a nobreza de seus palácios. Além do que, se seus filhos, netos e bisnetos precisassem de educação, eles a comprariam, como compravam a retórica de falar muito para não dizer nada.

que longe andava o barão, lobo não faltou para substituí-lo em casa. E se fez circular uma lei pelo ducado de Catarina para cada liceu punir professor em protesto, a começar pelo seu bolso, que já andava vazio. A revolta cresceu ainda mais, nas ruas, nas casas oficiais, nas comunicações de todos os lares, entre mercadores e populares nas praças. Quando o barão chegou a seu ducado, mais bochechudo e papudo do que nunca, propôs cumprir a lei descumprindo-a, como se ninguém fosse perceber: no lugar de três moedas de ouro daria cinco de bronze e quanto mais saber possuísse o educador, suprimiria as de ouro e aumentaria as de bronze, segundo as instruções do duque das finanças, cuja lógica nem o próprio barão compreendeu. Acabaria de vez o desejo de estudar por parte dos educadores e a educação publicamente básica do povo continuaria às traças como sempre esteve naquele ducado. O protesto foi ainda maior e o barão gelou em seu trono de cetim. Lembrou-se do sonho e convocou todo seu exército para, durante a madrugada, conceber uma saída para a balbúrdia. Mas suspendeu pela manhã a ordem quando o mensageiro lhe anunciou que também os jovens, incluindo alguns ricos rebeldes, apoiavam o protesto dos mestres públicos. Mandou redigir uma petição aos juízes reais para protestar ilegal o protesto, mas os juízes reais, após alguns dias, argumentaram sobre a legalidade da revolta, e que eles como juízes não gostariam de resolver um problema que era dele como governador de seu ducado. Um ministro do rei, em visita ao ducado de Catarina, disse para o governador simplesmente pagar o que devia. O barão de Catarina apelou a todo ducado em nome de Deus e das crianças e convocou novamente o exército para se preparar e agir oportunamente contra os radicais. Quando dez mil pessoas gritaram e forçaram os portões de seu palácio, enquanto o barão tomava seu café da tarde e comia um bolo de cenoura, as forças armadas já esperavam do outro lado, por trás de grandes pedras e algumas árvores, e ruflaram os tambores, e uma corneta disparou seu sopro e dez mil cassetetes choveram sobre pernas e costas contras os portões e muros da propriedade oficial do barão. Em questão de minuto, só se via bandeiras quebradas e corpos gemidos e, mais ao largo, alguns pernetas e feridos chamavam o ladrão para salvá-los da milícia.

Mas não ficou por isso. A notícia andou pelo reino inteiro, de norte a sul, de
leste a oeste. Entre os professores, havia cronistas, gravuristas, pintores, mães, pais e filhos de família, aos quais trabalho nunca faltou, a dar comida e dignidade à vida, e se possível alegria. A cara de cerâmica do barão aparecia de pau por todos os lados nas bandeiras e nos palanques, e à sua volta ouvia-se um grito único para depô-lo do cargo de governador: barão, barão, volte para o chão, já vai tarde, já vai tarde, perdeu a autoridade. Mas ele não foi deposto e aos professores ao menos se garantiu o soldo básico para o pão nosso de cada dia. Os liceus continuaram do mesmo jeito, os livros no chão, as paredes ainda de pé. Um dos muitos educadores, jovem e orgulhoso de seus livros no colo, arrastava discretamente a perna esquerda pelo corredor e sentia o
peso de uma casa no ombro, mas respirava fundo e empinava o peito, para conduzir altivamente mais dez aulas naquela segunda-feira, quando tudo voltou ao normal.



Duque de Lima e Silva
Freguesia de São José da Terra Firme, inverno de 2011.



- Texto feito pelo Mestre Jason de Lima e Silva, aquele que tenho orgulho de dizer que foi meu professor de filosofia.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Another side from the outsider

I wasn't myself, but when am I myself? I'm not singular, I'm plural, I'm ''myselves"...Sometimes I'm Siddhartha, sometimes I'm from Sparta, I really don't know. Thinking about the life, the real life - but what is real? The bad girl is real, yeah, the bad girl is real. However, where is she? By the way, where am I? In a grey city, sharing with another outsiders grey experiences. Grey citzens. Forget it, it`s a nightmare; nope, it was a dream, a sweet dream without sugar - whatever!


Detalhe: desculpe os possíveis erros de concordância e gramática inglesa, prof. Feijó! (04.07.11)