quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A defesa do poeta

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em criança que salvo
do incêndio da vossa lição

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além

Senhores três quatro cinco e Sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa

Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.


Natália Correia

Menino Poeta

Ah, menino poeta!
Tu que transitas no mundo das descobertas
Dos entendimentos filosóficos
Dos grandes acontecimentos...
Tu que tens no olhar, ao mesmo tempo,
A vivacidade de menino aprendiz
E a melancolia de velho cansado...
Não espera mais! Não deixa a vida passar!
Vem celebrar a vida, inventar o riso...
Experimentar a energia da Afrodite
que vive em mim...
Essa força que me transborda
Em fogo e intensidade!
Que me transforma e me inflama...
... a chama que te chama...
- Vem!
Quero sentir teu corpo, tua pele,
tua masculinidade forte e delicada!
Te proporcionar espasmos de alegria e prazer...
Quero teu tudo e teu nada!
Quero adormecer ao teu lado
E reinventar a loucura, a doçura, o amor...

Bianca Velloso

sábado, 17 de novembro de 2012


"Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo. 
Lo que me gusta de tu sexo es la boca. 
Lo que me gusta de tu boca es la lengua. 
Lo que me gusta de tu lengua es la palabra."

Julio Cortázar

sábado, 10 de novembro de 2012

Semiótica do amor

Na calada, o frio. Há pedaços de mim que clamam. Em uma viela, o encontro com o acaso. Na confusão das línguas é possível encontrar calor. Envoltos no caos linguístico, a paixão toma forma, apesar dos ventos contrários. Alienados, na calada, mudam-se para a pátria nascente da ordem e do progresso. A revolução do proletariado é ínfima quando equiparada ao amor pequeno-burguês.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Intensidade


O medo paralisa e a ansiedade atropela
Hoje cá estou, assombrada por estes sentimentos...
Calafrios percorrem meu corpo...
Arrepios... Movimento...
O que será?
Melhor não pensar...
Viver, deixar acontecer...
Ousar?
Melhor escrever, serenar...
Acalentar a parte boa dessa confusão que faz a vida valer a pena...

Bianca Velloso

13/10/2012