segunda-feira, 29 de junho de 2009
Ao traunseunte desconhecido:
sábado, 27 de junho de 2009
Apresento-me
suspensa no silêncio
Jorrando a morte em prestação
Viajando não sei ver isto não
Minha boca apodrece
E compartilha poesia
Seu mal hálito lhe mostra
O que a rosa não faria
Sou caixeira andarilha
Sem rumo, nem milagre
A garganta não me cala
Jazo detrás do silêncio
Pássaros voam com a verdade.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
A rotina de Ouvir
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Que pureza é esta de valores inexistentes?
Exclusão incoerente
Até uma carta-lei era o princípio
E nos dias de hoje, é da raiz que eu sinto.
Ela cresceu e deixou suas marcas
Estaca
É o preconceito da raiz intacta.
Nesse período a cor não tinha raça
Era impureza declarada
Mulatos, mamelucos,
Curibocas, caboclos ou crioulos.
A exclusão é quase a mesma,
Não importa quem esta no topo.
Na chamada impureza
Existia distinção,
E quem escravo era
Ficava entre campo, a casa-grande e o patrão,
Coisa da instituição
Não foi de raça não
Esta só veio bem depois
E hoje o digno cidadão
Escolarizado de plantão
Apanha da burrice
Grita “escola e educação”
Mas fala “isso é coisa de preto”
Esbanje a “raça”, e é exemplo da nação.
Situação incoerente
Vai se ferrar seu “pai joão”.
Sinfonia em ré maior
Melodias melosas me matam
Orgias, orgasmos, orquestram
Representações retorcidas rindo reiteram
Dias de difíceis deleites
Indo, irada, irônicamente intervenho
Danada dureza desvairada do desprazer
Antes arder alucinada a adquirir
Sanidade sem sequer sentir
Nua na noite notei
O ônus oculto onde olhei
Safada sentei saborear
Subindo, saindo, sofrendo
Excitada, empoleirada, esqueci
Ilusões irrisórias inventadas
Ofegante, ofuscada, orgasmo, ousei
Sentir suada, sublime sobreposição!
terça-feira, 23 de junho de 2009
celebração à luxúria
e minha tragédia, se transposta ao japão, de mim faria uma gueixa.
e quando pensasse estar livre, nem a mais alta sabedoria descolaria de minha carne a sina do concubianato.
amante difusa, entrego minha devoção aos que devoram as fatias mais doces de minha vida.
predadora que sou, longe de tomar tal fato como lamento, excito-me a cada coração roubado.
minha alegria é reconhecer no espelho uma sábia puta bandida.
hopper - office at night - 1940
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Doando um mundo particular.
Recebendo, em contrapartida, seus anônimos impactos
Que se tornam ressignificações aqui dentro.
Fazem conhecer-lhes de verdade
E amar, ainda mais, minhas ilusões.
[...]
Meu intento é imenso, de antemão advirto.
Tamanho sentimento levo a todo lugar que piso
Prejuízos não concebo, identifico maus amigos.
Não concebo bons conselhos.
Dôo paz em mais sorrisos.
Enquanto ser utópico queria ser tudo isso.
Mas peças em desarranjo vivem vasto niilismo.
Contaminam e sufocam, onde passam desatinam.
Meu escudo trucidante,
A força do bode-riso.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Tenho os punhos cerrados,
E os olhos, num alvo, fixos.
Se há um tudo ou nada:
Sobra-me o nada, e...
Não saberei o que fazer,
Contudo.
Esbravejo, como um guerreiro;
Que nunca fui, é bom lembrar;
Mas se me há de servir o nada,
Irei eu, sozinho, no frio da noite,
A desferir meus golpes, contudo.
Com tudo o que houver, de força,
E o que me restar de vontade: é pouca.
Contudo, por que quero o nada (acho),
E fica evidente nas coisas que faço,
Pois a vida é feita assim: bem frágil.
E ainda assim quero amanhecer.
Apesar do tudo ou do nada,
Tomar um trago,
E sobre meu dia cinza...
Escrever.
18/06/09
domingo, 14 de junho de 2009
... silenciosa e negra, ele entrou, disfarçado, num barco a vapor de cor ferrugem.
Escondido, sentia a noite. Ouvia conversas distantes, de marinheiros acomodados dentro do barco. Se fosse descoberto, seria tudo ou nada.
_Adeus terra inóspita, estou de partida. Não conseguiria viver mais aqui. Não seria louco de pisar neste barco, se não sentisse que esta era minha última oportunidade.
Os barcos eram raros e esta sua última morada era uma cidade esquecida e decadente, que tocava jazz como se o jazz fosse a última moda. Apareceu um hoje, ele pensou, talvez o próximo só venha em meses.
Seu corpo envelhecia: quase tanto quanto seu espírito.
A hora do tudo ou nada estava por vir, muito provavelmente aconteceria ao amanhecer, quando a pequena tripulação, de uns oito homens, fosse ao convés ver o tom do novo dia e o encontrasse e resolvesse jogá-lo ao mar. Os homens desse ofício em um determinado ponto da vida ficam deveras embrutecidos, e depois de uma noite de bebedeira, não pensariam antes de se livrar de um peso morto.
O exilado abre um pedaço de papel amassado, que estava guardado em seu bolso. Nele havia uns versos:
Um estouro,
Um beijo,
Uma passagem pra eternidade.
Ele pensa: que versos pobres. E os joga ao mar.
E de repente, ouve uma risada diabólica: foi descoberto por um marinheiro bêbado, que já ria de pena dele, pois já pensava em trucidar com este estranho.
O exilado, da sombra onde estava, engole a seco. Levanta seu olhar para o dono da risada e sem que ele perceba cerra os punhos e se prepara pro combate, pro tudo ou nada.
...
domingo, 7 de junho de 2009
até amanhã, sou ana
no sé por donde empezar: ou talvez o inverso - são vários os começos. soy ana embriagada, miragem em taça de vinho. meu nome eu que escolhi. admito ter rodopiado um tanto entre maria e ana. descartei maria por ser muito maternal, apesar de ana ser o nome de minha mãe. pressinto que as coisas fluem. misturo os tempos; circulo com vestidos bufantes pelas gafieiras e de sandália rasteira pelos salões de baile. guardo uma tristeza no rosto, tristeza de uns vinte anos ou pouco mais. para mim o tempo flui sem dor; sei que um dia tudo estará terminado. divirto-me às custas dos desesperados. vivem sua lucidez histérica comendo uns aos outros. guardo minha histeria para os amores. pratico o sono à tarde para desenrolar as juntas. à noite tenho vontade de começar a vida outra vez, mas levando muito da anterior. minhas manhãs são poucas: tomei por hábito apenas acordar para o almoço; ao menos terei mais sonhos para contar aos netos. sou musa e criadora. habitei séculos passados e dei vivas à fotografia, afinal, nunca fui boa com pinturas. gosto é de posar para amigos talentosos. como vim parar aqui? o poeta caiu em meu canto. não teve a sorte de ulisses em ficar amarrado ao mastro do barco e nem de seus marinheiros, ensurdecidos por pedaços de cera. visitei o exílio e mordi seus lábios. nem o mais amargo café carrega seu gosto da minha boca. embriagada, gosto de escrever minúcias em minúsculas e destruir corações.
sábado, 6 de junho de 2009
Sob o frio do inverno em meu cobertor
O dia frio tomou conta de mim. Sigo deitada em minha cama. Que manhã estranha é esta. Tudo o que foi ontem já não é mais. Um novo dia. Não sou o que fui ontem. E apesar de nova me resigno a velhos hábitos. Não tive cuidado com o dado! Continuo sendo parte da reforma, parte das reproduções, neste mundo do deus “reprodutibilidade”! Mas também pudera! Nunca havia percebido o sentido deste fluxo que deságua numa cachoeira! Quebrando as pessoas no lugar de troncos! Como é prazeroso nadar contra a correnteza! E que força tinha! Mas não sabia!!! Oh meu amigo Indigente, como estavas certo sobre esta gente! Que eles temam! Amanhã é um novo dia! E eu uma nova pessoa! Adeus velhos hábitos! A minha roda se pôs a girar (A Roda da Fortuna)! A sorte está lançada!