A narrativa em terceira pessoa
tem a gravidade das verdades e das certezas. Vem carregada de rigor científico,
da formalidade acadêmica. Tem o cheiro
asséptico de texto jornalístico. Esta forma só tem graça mesmo nos romances,
quando as certezas e incertezas do autor se decompõem nas personagens da
história.
Ao contrário, o texto escrito em
primeira pessoa é informal como uma conversa, tem a leveza da trivialidade, da
transitoriedade. O autor confronta verdades, sentimentos, incertezas, assume
sua parcialidade, torna-se mais próximo do leitor.
O grande barato da literatura é
tirar o leitor da zona de conforto: textos que desestabilizam, que questionam
certezas... Textos que desafiam, que levam o leitor a repensar verdades. A
escola formal não ensina a questionar o que está escrito nos livros, pelo
contrário, ensina a aceitar tudo como verdade incontestável.
Há quem diga que escrever em
primeira pessoa só serve para exaltar o ego. Não é verdade! Escrever em
primeira pessoa é mais simples, mais humano, menos pretensioso e mais
convidativo à crítica, uma vez que deixa explícito que se trata da opinião do
escritor.
Tudo bem, este texto está escrito
em terceira pessoa... Mas a intenção aqui não é ser verdade absoluta,nem trazer
certeza alguma, o que ele – o texto – mais quer, de verdade, é ser questionado.
Além do mais, seu único objetivo é provocar o revisor!
Bianca Velloso