domingo, 31 de maio de 2009

Cartas do exílio

Caros leitores, envio aos senhores esta carta. Mais uma carta, porém os dias no exílio têm sido mui frios e a sobrevivência torna-se difícil neste período. Mas há de passar, assim gosto de acreditar. Caros leitores, dirijo minhas pobres palavras a seus belos olhos. Espero que este mundo opaco, donde escrevo, sirva de contraste com a vida feliz que imagino que alguns de vocês cultive em seus interiores. Creio que dentro de alguns meses, se completará um ano desde que criei coragem para escrever a primeira carta. Acredito que tenha sido em forma de verso, pois quando mais aflito me encontro, mais apurados ficam meus versos e mais precisas as minhas palavras. Não sei se posso voltar agora, os perigos dessa vida ainda rondam minha sutil existência, temo pelo pior. Mas, ao mesmo tempo, sinto um ardente desejo de retornar e abandonar esta terra. Não sei, sinto que viver escondido não é o que sempre pensei, ao longo da minha vida; mas eis um espectro paradoxal: em muitos momentos estive de peito aberto e o que mais desejei era estar escondido.

Que nossa troca de cartas perdure, pois o fogo de suas idéias alimenta meu coração.
Saudações,
Poeta

Um comentário:

Tyche Fortuna disse...

A vida no exílio realmente é difícil, escolhas ou não nos levaram a ele, mas a fiel companhia, solidão, remonta a um mergulho profundo no ser propciando uma explosão estelar de reflexões, seguindo só, na luta e na busca de terra do nunca, do nunca foi, nunca foi criada, vivida, que estranha terra será essa!