quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Para ler no novo ano

Quisera eu inventar mil palavras, para proferi-las aos ventos com meus mais singelos desejos. Suponho, no entanto, que nenhuma delas conseguisse traduzir o que guardo no peito.

Desejo-te, então,
que mesmo que não ouças minhas palavras
ou tão pouco consiga entendê-las;
desejo-te que sintas aquilo que emano em mim
e tão pouco consigo transpor ao som.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sobre essências e sobras

Que vendaval de pensamentos me acomete agora!
Que multiplicidade globalmente plural de idéias!
Voei por distantes cantos do mundo
Estando parado em uma cadeira qualquer,
Tão casual que não consigo sequer escrever um poema.

Há pouco pensava em mudanças e essências,
Mas tinha à frente esses dispositvos catadores de sobras:
Sobras ao que é essência,
Ao que é necessário à sobrevivência.

Logo surgem músicas e poemas
(Mais letras e letras e letras),
Parece que um espírio beat encarnou em mim,
Parece que sou capaz de escrever tudo o que me vem à mente AGORA,
Mas me falta caneta, me falta papel,
Antes que eu possa desenhar a idéia, esta já foi
E já estou em outra e em outra e em outra
E são tantas que parece não sobrar nada,
São tantas que parece não haver essência,
Ou ser absolutamente TUDO necessário à sobrevivência.

Mas não, sei que há outro modo de pensar,
Sei que este exato instante não pode ser captado,
Sei que não é possível abarcar o todo!
Já refletia Cassady sobre a incapacidade de romper os segundos entre o pensamento e a fala:
Neste ínterim muito se perde
E o que se tem já é parcial,
Já é essencial.

Por isso, Caeiro, não me venha com essa de ver as coisas como elas são!
Neste momento penso diferente
E isto igualmente se dissolverá
(Mas insisto em acreditar que o essencial é invisível aos olhos).