sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sibilariando*

(Sem costumes de me apegar às pessoas
sem querer mais do que conversas superficiais
e todos notando que não me apaixonava...
Um apelido maternal que me deu um soco na cara
aqui sou eu, a Semsentimento que fala
e conta que dos tantos sentimentos, afinal eu senti um.)

Flutuo na calçada enquanto meu pensamento vai longe
e a memória traz pra mim coisas de um tempo que já não é
e isso dói um tanto, porque eu queria que fosse.
E a distância entre as paredes da cova é maior
e os leões agora parecem piores, porque são humanos, saudades e ausências.

Observo muito, e certos detalhes viram referências
e todas as referências, que graça, muitas vezes têm um único dono.

Sinto que o que sinto é estrondoso e forte e sincero demais,
preciso imensamente externar em algumas letras.
Sei que posso ser de outros e que não vejo problemas nisso
e sei também que quase todos veem problemas nisso.

Mas eu gostaria muito que tu soubesses que eu vejo corpo e alma separados
e eu espero que tu entendas que isso pode ser bom também,
porque te pertenço em um plano que vai muito além da matéria
e isso faz de ti rei de um mundo meu que é único
- enquanto podem existir príncipes e mendigos em mundos meus aos quais
eu não me entrego completamente
porque me sou só pra ti.

*"Assobiar" vem do latim sibilare

2 comentários:

Gregório Corrêa. disse...

muito legal

Cevador de solidões disse...

Excelente começo. Seja bem vinda, exilada.