quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Paixões Cotidianas

Os olhares se encontram e quase de imediato, dispersam-se. Era a vergonha. Ele tenta olhar de novo e, para sua surpresa, encontra os olhos dela olhando os olhos dele. Dessa vez dura um pouco mais, algo entre cinco ou dez segundos. Um período curto, é verdade, mas para ele pareceu eterno. Ele arrisca um sorriso e ela baixa o olhar. Ele não sabe mais o que pensar. Fica olhando e vasculhando as quinquilharias da lojinha fingindo algum interesse enquanto ela atende um casal que acaba de entrar. Será que valeria a pena ter perguntado o preço de alguma bugiganga só para puxar assunto? "Teria sim!" conclui enquanto procura a saída. Saindo ele se arrisca novamente: "Adeus, moça." com um breve aceno de mão. Ela responde mas, sem palavras. Ao invés disso com um monte de dentes cintilantes; com um sorriso. Poucas coisas são tão belas quanto um sorriso. Ele mal podia acreditar! Qual seria o nome dela? Quantos anos teria? Será que gosta de comida japonesa? De perfume? Seria fã de cinema? Fez as perguntas a si mesmo enquanto dava a ignição no carro. Tudo era felicidade e naquele instante ele só tinha certeza de duas coisas: a primeira era que ele estava apaixonado pela moça da lojinha de quinquilharias! A segunda era que não tornaria a vê-la.

Nota do autor: Texto um pouco antigo mas gosto dele, pois é singelo e bem sincero, para falar a verdade. É um presente ao aniversário do blog que foi alguns dias atrás.

5 comentários:

Ana T. disse...

Lindo! Sem mais.

Anônimo disse...

Realmente, lindo demais!
Palavras belas, singelas e que tocam o coração.

Poeta do Exílio disse...

Valeu pela lembrança Chico! Já ia passando em branco!
:)

Cevador de solidões disse...

Demais!

Poeta do Exílio disse...

O Chico tem um talento pra narrativa em verso e vem demonstrando isso ao longo do tempo em que nos conhecemos.