segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vai um caldinho ai?

Preto, aguado, sem sal.
Sem cheiro, sem gosto... sem graça.
Somente com aquelas perdidas e solitárias folhas de louro boiando para depois não falarem por ai que não temperam com nada.
Como é difícil essa vida de universitário. Muito empenho para pouco dinheiro no futuro, mas façamos pelo prazer, pela paixão, é isso que dizem não é, assim fica mais fácil de suportar. E também, se tem algo que ajuda a suportar os anos de faculdade, esse algo, é o feijão.
Mas não pelo sabor, não se enganem, pelo sustento mesmo.
Encarar o feijão do famoso RU, para mim, é nostalgico. De certa forma me lembra de casa pois, ao comer aquele feijão percebo o quanto o feijão de minha mãe era bom. E não que minha mãe seja lá uma chefe de cozinha - na verdade passa bem longe disso - mas é aquele feijão de infância. Fica cravado na mémoria, ou melhor, na linguá.
Lá em minha casa havia uma eterna disputa para saber quem fazia o bendito do melhor feijão, se era a mãe ou a empregada, pois somente as mulheres cozinhavam. Sim, eu sei, casa machista, tipicamente nordestina, fazer o que... mas acho que no fundo todos tem uma pequena pitadinha desse karma chamado "machismo" - as(os) feministas que me perdoem.
Nunca revelei as mulheres de minha casa qual era o meu feijão favorito, para não gerar desavenças, sabe como é. A preferencia vai morrer comigo, é melhor assim. Mas só posso revelar uma coisa com toda a certeza: qualquer um dos dois era muito superior a esse de universidade!

E não me venha com essa que feijão e tudo igual não!
Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é um bom feijão.

4 comentários:

Felício Freire disse...
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Felício Freire disse...

Caro posseiro,
Seu depoimento fez-me lembrar do jirimum, suco de cajá, rapadura e, o melhor de tudo, o escondidinho do Padre Janeiro com farinha de mandioca. Onde fui criado, tive de aprender desde cedo a fazer, claro que tive um bom mestre, naquela casa de Deus, a cozinha tinha de ser comandada por um filho de Adão.
Se não tivesse conhecido as grandes cidades, não saberia o que é uma empregada doméstica, no meu tempo imperava um mesclado de escravidão com servidão.
Porém, agradeço meu amigo Sebastião, este me fez convite para conhecer o Rio de Janeiro, lá conheci o feijão carioca em um boteco de São Cristovão. Logo disse para Bonita aprender a receita, esta a complementou com tempero típico nordestino. O sabor, inexplicável!

Poeta do Exílio disse...

Tá com saudade do feijão, rapaz?
Aqui no exílio tenho me alimentado de sopa de morcego com casca de coco, e não posso reclamar.
Mas que feijão é bom, isso é.

posseiro das palavras disse...
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