domingo, 9 de dezembro de 2012

O MEU JARDIM

Imagem: Camille Monet et l'enfant dans le jardin - Claude Monet


Gosto de olhar o eu jardim.
Ali tinha havia um pessegueiro sempre florido. Agora é construção.
Ali tinha um ipê amarelo. Agora é um belo canto de sonho e ilusão.
Ali tinha um ligustro. Fui eu que o plantei. Cresceu demais e foi condenado. Coitado.
No meu jardim. As crianças são sempre crianças.
Fiz-lhes uma casinha. Depois uma maior aqui. E outra maior para elas.
Como crescem as crianças

Mal ficava pronta uma casinha, já não cabiam mais dentro dela.
No eu jardim tinha uma laranjeira. Surgiu ali desde pequena.
Dava muitas laranjas de graça. Um dia secou. Nunca reclamou.
Se árvores têm alma, deve estar não céu.
Cobri-lhe com as flores de uma trepadeira. Como um véu.
A esta hora sopra uma brisa de acalanto.
Sempre foi lindo o meu jardim, mesmo sem qualquer trato.
Nele andam fantasmas a sorrir e contando histórias em cada canto.
Guardo muitos pedacinhos delas dentro do porta retrato.
Sento-me no meu jardim a olhar para cima.
Vejo as andorinhas com seus voos errantes
Mais adiante, por entre um céu azul, imagino no infinito, alguém sentado a perguntar:
“Haverá mais alguém por aí?” E respondo: Sim.
Eu e tu estamos aqui.
 
Adelino Miranda - 1987

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