quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre as formas de narrativa





A narrativa em terceira pessoa tem a gravidade das verdades e das certezas. Vem carregada de rigor científico, da formalidade acadêmica.  Tem o cheiro asséptico de texto jornalístico. Esta forma só tem graça mesmo nos romances, quando as certezas e incertezas do autor se decompõem nas personagens da história.

Ao contrário, o texto escrito em primeira pessoa é informal como uma conversa, tem a leveza da trivialidade, da transitoriedade. O autor confronta verdades, sentimentos, incertezas, assume sua parcialidade, torna-se mais próximo do leitor.

O grande barato da literatura é tirar o leitor da zona de conforto: textos que desestabilizam, que questionam certezas... Textos que desafiam, que levam o leitor a repensar verdades. A escola formal não ensina a questionar o que está escrito nos livros, pelo contrário, ensina a aceitar tudo como verdade incontestável. 

Há quem diga que escrever em primeira pessoa só serve para exaltar o ego. Não é verdade! Escrever em primeira pessoa é mais simples, mais humano, menos pretensioso e mais convidativo à crítica, uma vez que deixa explícito que se trata da opinião do escritor.

Tudo bem, este texto está escrito em terceira pessoa... Mas a intenção aqui não é ser verdade absoluta,nem trazer certeza alguma, o que ele – o texto – mais quer, de verdade, é ser questionado. Além do mais, seu único objetivo é provocar o revisor!

Bianca Velloso

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