sábado, 6 de novembro de 2010

Open your eyes

Ela abriu os olhos - realizada - e viu um teto estranho. Teto que julgou devesse ser reformado. Olhou para o lado, e ele ainda dormia, com um leve sorriso de satisfação no rosto e a mão sobre o ventre dela. Com todo o cuidado, ela levantou-se da cama. Pisou num tapete macio, azul - que parecia veludo - pegou uma camisa dele e entrou no banho. Ao sair, de cabelos molhados - e molhando a camisa, sentiu um forte e agradável cheiro de café recém feito; o cheiro infestava a casa. Olhou para a cama e dessa vez só encontrara o gato, Bola de Meia. O animal não pensou duas vezes quando pulou no colo dela, pedindo cafuné e chamego. Ela aceitou e reconheceu os motivos de ele nunca ter se desfeito daquele bichano. Sentou-se na cama, e no chamego viu ele subir com um café na mão. O cheiro de café se misturava ao cheiro do shampoo, do cabelo dela.

Ela tocou a mão dele, em busca da caneca: mão quente, passando o calor. Ele tocou a mão dela, deixando a caneca: mão fria, buscando calor.

Nesse momento, os olhos se encontraram, a luz que refletia naquele verde se tornou a mesma luz que refletia nos castanhos dela. A boca dele procurando o cabelo molhado dela, enquanto a boca dela procurava a caneca quente de café dele. O cheiro de café se confundindo com o cheiro de shampoo; misturados.

A mão dela agora é quente, a mão dele agora é fria. O tapete no chão ainda é macio, mas mais macio é o Bola de Meia se enroscando nas pernas dela. A luz que estava lá fora se vai. As pequenas gotículas que choram do céu escurecido são transparentes e refletem a magia do momento: o sorriso transparecendo nos olhos brilhantes.

O café acaba, ele desce. Bola de meia a empurra para a cama, e ronrona no afago. Ela aceita, e, de cabelos molhados – sentindo o cheiro de café - entra no banho. Sai com a camisa dele, molhando-a. Pisa no tapete macio, azul, que parece veludo. Com cuidado, deita-se na cama. Olha para o lado e o vê, de olhos abertos. Ele coloca a mão no ventre dela, e fecha os olhos com um sorriso de satisfação. Ela olha para cima, pensa na reforma que deveria ser feita naquele teto desconhecido, e fecha os olhos - realizada.

Um comentário:

Tyche Fortuna disse...

Muito lindo! Lindíssimo! Genial de certo!!!

Abraços!

Tyche

PS.: Ainda posso sentir o cheiro do café misturado com o do shampoo :+)