quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Foi, é, ou será?

Por muito tempo vivi de rotinas e certezas. Você, porém, quebrou-as. Surpreendeu-me colocando em jogo todos os sentimentos por mim escondidos durante felizes (entretanto incompletos) meses. Talvez agora, passado esse exato tempo, tenha nascido o fruto do que construímos quase sem querer.
Dói que sejamos tão incompatíveis externamente quanto sincronizados mental e interiormente. Poderíamos viver na suposta felicidade e sintonia eterna se tantos fatores externos dos quais dependemos não nos impedissem disso. Bandeira, em um dos seus poemas tísicos mais famosos, lamentou: “A vida que poderia ser sido e não foi”; Tezza, em um verso realista apresentado no seu romance-biográfico, completa e complementa: “Nada do que não foi poderia ter sido”. Esse é o dilema que, a partir do nosso desabafo mútuo, passei a querer desvendar. Você consegue ser o que minha razão nunca quis e o que meu coração pede. Deveria eu aceitar que nada pode ser feito ou prantear pelas discrepâncias?




Iulla Portillo:

http://portilloiulla.blogspot.com/

Um comentário:

Cevador de solidões disse...

Prantear pelas discrepâncias me parece mais racional, desde que fique só no "lamento boliviano".