Se nascer é estar condenado à liberdade, o que significaria o desfalecimento? Se o que nos prende nesse universo é o pensar em um sentido mundano, por que ainda há vida? Se categorias filosóficas fazem o ser algo mais suportável, o que é o amor? Os poetas querem impor a metafísica naquilo que somente pode ser comprovado pelos sentidos, os mesmos (sentidos) que nos enganam até que consigamos adormecer. Isso, é claro, se formos demasiadamente otimistas para acreditar que há um despertar. É preciso, desso modo, partir do pressuposto que ainda exista, em partes, alguma liberdade, mesmo que não seja remunerada pelo sistema que sempre se critica. Há cabimento?, questiona-se. Por que deveria haver?, retruca-se.
6 comentários:
Não deveria, penso. Não sou tão otimista com relação ao despertar: mais me parece um sonho se desdobrando dentro de outro, de outro e de outro... num eterno desdobrar-se do onírico.
Ouso duvidar do conceito total e pleno da palavra liberdade. Há traços libertários em nós e o resto me parece falsas promessas que mais nos prendem do que propriamente libertam. O despertar é uma característica dos espíritos mais desassossegados - salvas as exceções - e deverá ser visto através do caráter plural e não singular. Esse eterno desdobrar-se do onírico, muito bem pensado, está teoricamente disponível a todos, mas quantos de fato se dão conta das fragilidades conceituais aí postas e quantos se desvencilham dessas amarras retrógradas?
Forte abraço, Poeta!
Luccas.
A tentativa de conceituar per si, neste caso, não deixa de ser uma forma de fixar em uma palavra ou conceito uma experiência vivida. Da liberdade plena só a experiência nos diz. Neste sentido, toda tentativa conceitual é vã, pois atenta - de antemão - contra os princípios que defende.
Perceber o desdobrar-se do onírico é pré-requisito para compreender a natureza pueril da existência.
...princípios que vêm sendo demasiadamente relativizados pelos modismos acadêmicos. Não poder conceituar precisamente as coisas têm sido uma munição daqueles que demasiadamente relativizam a concretitude - e, paradoxalmente, a liquidez - dos fatos. Boa argumentação, Poeta!
Luccas.
Conceituar as coisas, acho viável. Fatos, idem. Sentimentos? hum, talvez seja possível também. Ou não.
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