terça-feira, 23 de junho de 2009

celebração à luxúria

se grega eu fosse, naqueles tempos, hetaira seria.
e minha tragédia, se transposta ao japão, de mim faria uma gueixa.
e quando pensasse estar livre, nem a mais alta sabedoria descolaria de minha carne a sina do concubianato.
amante difusa, entrego minha devoção aos que devoram as fatias mais doces de minha vida.
predadora que sou, longe de tomar tal fato como lamento, excito-me a cada coração roubado.
minha alegria é reconhecer no espelho uma sábia puta bandida.



hopper - office at night - 1940

3 comentários:

VersoRimado disse...

Grande passo esse em direção à ruptura com aquele grande exílio ao qual nos sujeitamos diariamente. Pois, se não bastasse esse cárcere físico, no qual o único hedonismo é a excitação literária a qual esse grupo me faz grato, estamos sujeitos à auto-privação, reprimindo nossos impulsos onipresentes. Repreendemos nossas emoções e volúpias ao invés de beber delas. Tamanha injustiça essa, vejam... Cortamos o prazer profano por medo de um desaceite social, para receber desta mesma sociedade o atual cárcere em que nos encontramos hoje. Em meio à tanta contradição sou grato a Deus por ter um pandeiro e uma playboy da dercy gonçalves nesta cela fria...

Poeta do Exílio disse...

Conheci Ana embriagada louca, rolando seminua pelo cás. Berrava sem parar, queria era se deliciar c'o deleite da carne sob uma manhã de sol amarelo e morno. E naquele momento, não havia desaceite social que nos impedisse de compactuar do aprovo mundano que engana, revestido de desaprovo.
E para separar aqueles dois, só mesmo uma playboy da Dercy ao som de um pandeiro, rs.

Felício Freire disse...

Um ritmo ascendente, sensação presente naqueles passos ritmados sob o compasso da zabumba, marco o passo sincronizado, com o quadril posicionado entre aquelas quentes pernas que mexem-se delirantes ao som escandecente da sanfona.
Sublime momento aquele... ao proferir versos ao pé de seu ouvido, a senti eriçar com leve toque do triângulo... Em palavras, parti da audição, trilhei por seu rosto moreno até sentir seu paladar. Lábios de mel! Já dizia um velho cordelista, que forró tens força divina, és a expressão maior da cultura nordestina.