quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Muro e a Planta

Surgiu do meio do muro,
nascendo intrusa entre os tijolos.
Com uma trepadeira que rasteja
em busca de espaço entre as paredes,
e que depois se apodera da vida de outras plantas.

Prendeu-se aos alicerces mais firmes
e fê-los cair, bum!, o muro veio ao chão.
Era um muro cansado e encurvado.
A espinha dorsal duma vida de lutas
o destino de muitos - os com pouca luz para lutar, ou os lúcidos?

A planta venenosa volta-se contra o muro
seus espinhos soltam-se dela,
envenenam a barreira concretada
que na verdade descobre-se apenas um véu fibroso e denso
O próprio muro se percebe ultrapassado.
Mas será que ele se dá conta
de que ele foi o combustível de uma vida?
E será que está certo fazer de um muro um padrão de pensamento?


(Então, acho que não.)

2 comentários:

Luccas N. Stangler disse...

Uma grande sensibilidade e destreza para manusear as palavras.

Ana T. disse...

Eu fiquei brava comigo mesma por ter ficado tão clichê, mas a idéia me veio à cabeça e eu tive que colocar "no papel".