domingo, 12 de julho de 2009

Nostalgiando

Aquele cadáver estava muito deteriorado para podermos trabalhar...
A vida em Porto Alegre está indo muito bem, você ficou sabendo que ela também vai para lá...
Não vejo vocês a tanto tempo, me contem tudo...
Como anda aquele? Ah é mesmo, se suicidou...
Estou ensaiando uma nova peça chamada...
Ficaram sabendo que aquela engravidou!...
E aquele outro que está morando em Londres...
Estou procurando um novo estágio, cansei do meu antigo...
Estou jogando poker a nível profissional...
E enquanto à mim, estou a tomar anti-depressivos...

Ali, naquela sala, diante da mesa, estavam reunidos não apenas um grupo de antigos amigos e amigas. Estavam reunidos uma gama infinita de possibilidades, que pelos mais diversos motivos, não chegaram a vingar. Pois, afinal de contas, é isso que a vida é! A vida nada mais é do que um pequeno punhado de possibilidades (ou "sonhos" se assim preferir) que chegaram a acontecer. Nada mais do que escolhas que decidimos seguir em um determinado momento e outras que simplesmente discartamos.

Enquanto as conversas extremamente nostálgicas se seguiam, ao som do violonista que queria ser físico, e em meio a dezenas de latas de cerveja, não custou muito para que alguém proclamasse:

"Bons tempos que não voltam mais!"

E, quase instântaneamente, um grande sentimento de alegria invadiu os corações dos bêbados divagadores. Um brinde rapidamente foi convocado:

"Aos bons tempos que não voltam mais!"

E foi a introvertida Memória que puxou esse brinde! Pois, naquele momento, ela foi útil aos companheiros. Serviu-os como uma espécie de conforto. Um passado idealizado de felicidade e gozo no qual os amigos e amigas poderiam se reconforta sempre que desejasem. Tchin Tchin.

E costumam ainda a dizer por ai que só quem se preocupa com o passado são os historiadores e os museus!
Perdoe senhor, pois não sabem o que dizem.

2 comentários:

ana embriagada disse...

não vai demorar nem 3 anos para encenarmos algo bem parecido, meu caro posseiro.

Poeta do Exílio disse...

Pessoas ditas comuns também têm história. Pode não ter aquela pompa que o agá maiúsculo dá, mas é tão ou mais valiosa quanto.