domingo, 20 de junho de 2010

A vida é um conglomerado de coisas sem sentido

A vida é um conglomerado de coisas sem sentido. Será que fomos colocados aqui ou viemos de alguma forma? E se viemos, como fomos parar aqui? Será que o indivíduo existe mesmo? Se estivéssemos sozinhos no mundo (imagine o mundo) como saberíamos que existimos? Penso logo existo? Como saber que a pedra não existe só pelo aparente fato de não pensar? Carregaria ela uma forma de vida a qual sequer sonhamos existir? E por tal fato não a compreendermos e a consideramos sem vida? Ora essa, a pedra nem ao menos se chama pedra! Como ela se reconhece? Existo sem o outro? Quantos sofrimentos e quantas lamentações carregamos em nossos sórdidos corações! Que de romântico só o ideal. Quantas coisas perversas já não pensamos em fazer? Quantas fizemos? Como qualificar tais façanhas como perversas ou não? O caos parece ser a ordem natural das coisas. Talvez compreendê-lo seja entender a própria vida. E que mar sem sentido! E se não há remédio, remediado está! Pra que esta busca desgastante por sentidos? Se vida e morte podem ser a mesma coisa? Alguém deve estar a rir e muito dos humanos! Que pequenos esses seres! E que tristeza! E quanto ela pesa! Que fardo! O cansaço se jogou sobre meus ombros aumentando a famigerada força da gravidade sob o meu ser! Não quero ser mais nada, muito menos tudo isso que já se foi e se fez um dia desses, mesmo que tão longínquo. Como seria poder deixar de existir e ser esquecido completamente? Nem descanso, nem paz, nem cansaço, felicidade, alegria, ou outra coisa qualquer. Sumir. Esquecer-se de si mesmo. Corra! Corra! Corra! Agora ouço uma estranha voz, libertadora?!

- Esquece-te a ti mesmo!

Será que temos vontade? Ou a vontade que nos tem?
Todo esse sentido foi colocado em nossas cabeças? Ou criamos todo sentido que precisamos para cegar a vós da falta de sentido natural das coisas?

- Falta sentido! Falta sentido!

Grita o louco!

- Ainda bem!

Diz-lhe o são.

Caso tudo faça sentido é porque estamos inseridos numa grande mentira, numa grande conspiração, espalhada com primazia, pois o sentido não existe. E quem contou essa mentira? A minoria que um pouco mais sabia, de um nada logo ali que os assistia.

- Onde estou!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!? Ta tudo escuro!

- Não abra o olho!!!!

- O que? Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
(grito de desespero profundo e desolador, maldita luz!)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Diálogo helênico

Helios de sonhos, o sol oriundo.
Qual Hélade pus-me entre deuses noturnos,
Nutrindo aos humanos em raios agudos.
Ondas de calor a doar-te cá mundo.

Meu nível termal milenar é teu eixo.
De mim só dependem o estalar do teu queixo,
Dos anjos, demônios, perversos e puros;
A experiência, a ciência e os parcos futuros.

Tantos deuses qual a Grécia me pôs por aqui,
Nutrindo tal mundo sem paz a seguir.
Aos que me afrontam dou caso oncológico,
Rei Sol só humano, um triz cronológico...

Desvelo seu sono cotidianamente,
Panóptico dito o andar da corrente,
Frenéticos corpos, incessante torrente,
Desalmados ao ritmo contraproducente...

Hélio te herdo apenas em nome...
De musas suponho um amor secular,
Qual peso carrego no nome a herdar
Descentro do pai em função tão nobre.

Mais corpo que gás é o meu ser soturno,
Humano em vícios, febril de rascunhos.
Em menores graus é que eu fico puto.
Explodo em amores calores fajutos...

“Mil grau” posso ser em 40 fervente..
Meu sonho é utópico, o seu é presente,
Meu ser transitório, o teu quase-sempre.
Também só num triz valho incandescente...

Um bem coletivo, morreu baleado.
De paz cauteloso...
Da paz fustigado...

De paz agressivo
E obcecado
Amor para todos
É um auto-retrato...

Vitimado,
Ancorado,
Apaixonado.
Ingênuo?

Se sol fosses pai do meu eu, eu queria.
Mais amplos poderes que aqueles da lira.
A tudo e a todos poetizaria...
Da paz eu faria nossa mais-valia.

13/06/2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Ao mergulhar no emaranhado de lembranças,
Que repousam inertes pelos labirintos minha mente,
Pelos cantos dos corredores e pelos porões onde jazem aqueles arquivos super-pessoais, misturados com milhares de fragmentos sinápticos;
E ao me deparar comigo, só que de outros tempos,
Aquele eu que fui outrora;
Não sei o que há, que não reconheço nada além de um ser estranho
Num corpo familiar.

Teria eu mudado tanto assim? Ou alguém andou revirando minhas memórias?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Declaração a um surrealista

Com todas as forças de minhas entranhas
Tu fostes amado.
Desapegada de razão,
Desapropriada de palavras,
deixei de lado todo o método
e a razão que me impuseram na escola.
Tudo isso para te amar.

Amei-te loucamente
Encontrei-te em meus sonhos
E te perdi no meu inconsciente.

Um dia abri os olhos
e te vi de carne e osso.
Feito de imperfeições,
recheado de defeitos.

Vi meu sonho transformado em realidade,
ignorei as projeções de minha mente.
E pela primeira vez
Amei-te por inteiro.

Assim, repleto de defeitos.
Assim, posto em verdade.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A Última Flor

Pétalas suaves, acariciadas pelo orvalho matinal,
De um mundo áspero, suicida.

Espero que ela respire, inspirando,
Aquele coração tão só.

Inspirando, sem deixá-lo expirar...
Inspirando, expirando...

E a cada movimento, preparar-se.
E que seja continua, sem lá grandes definições e que...
Inspire enquanto viva, e no extremo, até a expiração definitiva.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Da convicção


O ar empírico que circula a minha volta me faz cega às verdades que procuro desvendar, opacidade brutal que venda os olhos de todos a tudo aquilo que somente a leveza da alma é capaz de revelar. Essa necessidade de provas e fatos materiais me sufoca ao olhar do mundo que por vezes eu não pertença. Minhas provas vêm do íntimo, do âmago de meu ser, onde somente eu posso procurar e que por si só se fazem suficientes.

Só carrega o peso aquele que é capaz e só o carrega porque o sente necessário. De todas as pessoas que optam por se livrarem daquilo que lhes pesa, eu, convicta, guardo aquilo que me é grave. O peso de minha certeza liberta meu coração, o peso de minha certeza me oferece a leveza de quem sou. Posso assim seguir plena sabendo que carrego aquilo que me vale em vez de seguir pelo caminho da aparente leveza do esquecimento.

terça-feira, 2 de março de 2010

Sonho de Criança (A menina no espelho)

Escrevi esse texto já faz algum tempo. Na época em questão o recultado final não me agradou. O encontrei em meio aos vários escritos de meu computador a uns dias atrás, o rê-li, e dessa vez, adorei o resultado! Por isso, agora, compartilho esse curto conto com vocês, caros exílados. Espero que gostem.

O título que segue em parênteses é o original, o qual achei melhor modificar.

Acordara. Espreguiçou-se e levantou-se. Caminhou lentamente, daquele jeito arrastando os pés, até o banheiro. Mas, ao se deparar com o espelho algo extraordinário fez com que todos os pelos do corpo da menina se arrepiassem! Ali, logo ali, a sua frente, estava seu reflexo, porém não como tal costumava ser durante os dias anteriores de sua vida. Ali realmente estava projetado seu reflexo, no entanto sua face não estava mais lá! Os cabelos castanhos ondulados estavam, a camisola cor-de-rosa também, no entanto seus olhos, orelhas, nariz, lábios e cílios, lá, já não estavam mais. É claro que a garota pensou nisso com a velocidade de um relâmpago que rasga o céu, enquanto tateava o rosto com a palma das mãos, que ainda estavam lá. Após um período de cerca de 3 a 5 segundos de reflexão a menina começou a sofrer de enorme angústia e aflição que jamais haviam sido vivenciadas de tal forma. Expressou seu enorme desespero da forma mais natural que um ser humano conhece para se desesperar: o grito! E, então; acordou...

Dessa vez acordara mesmo. “Tudo não havia passado de um sonho” – assim a menina queria acreditar. Pulou de sua cama e correu desenfreada para o banheiro onde pode contemplar, enfim, sua face. Jamais havia notado que era assim, - modéstia à parte- tão bela. Passada a aflição se pôs a rir sozinha em seu banheiro, pois afinal de contas havia tido um estranho sonho, digno de ser contado a alguém.

Encontrou seu pai na cozinha. Este estava lendo o jornal do dia enquanto passava manteiga no pão, ou melhor, tentava passar, já que acertava mais o prato que o pão em si. A menina não demorou a interromper seu ocupado pai, afinal precisava muito contar aquele sonho a alguém. Era uma necessidade. Assim como um diabético em crise precisa de insulina, ou um sufocado asmático precisa de sua bombinha, ou seja lá qual for o exemplo que apliquemos, a garota precisava contar sua história! Não faria sentido guardá-la para si.

Contou a história a seu pai e depois pediu a opinião do mesmo. Esse, calmamente, abaixou seu jornal e falou:

“Filha. Você realmente teve um sonho estranho essa noite. Não pelo fato do estranho sumiço de seu rostinho, mas sim porque esse sonho não tem o menor sentido. Ora querida, se você não tinha olhos no sonho como poderia ter visto seu reflexo? E se não tinha boca como poderia ter gritado? Vê minha filha, a ciência não permite tal coisa. Realmente não passou de um sonho bobo... Sonho bobo de criança!” Falava o pai a dar pequenas gargalhadas tímidas enquanto voltava para seu jornal, pão, manteiga e agora uma xícara de café preto.

A menina não pode deixar de sentir-se um pouco frustrada com a falta de entusiasmo de seu pai diante da história, mas, por outro lado, ela não havia sequer pensado em tudo aquilo! “Que homem inteligente é esse meu pai” – ficou a pensar.

Naquela noite a menina voltou a sonhar:


Estava em um mar revolto, em meio a uma tempestade, tentando sobreviver ao afogamento. Entre o caos das águas conseguia avistar, não muito longe, um barco no qual estavam seu pai, mãe e duas queridas primas. Todos estavam a gritar: “Venha Karina, venha logo! Nade depressa! Cuidado, se não a Ciência vai te pegar!”A menina já não entendia mais nada, afinal sobre o que poderiam estar falando? Não demorou muito para que a resposta viesse. Foi puxada, bruscamente, para o fundo do sombrio oceano por um horrendo tentáculo que a levava a uma espécie de boca monstruosa cheia de dentes afiados. Só teve tempo de pensar: “Oh não, a Ciência me pegou! Mas que monstro mais terrível!”, antes de ser devorada de forma atroz pela criatura.


Acordou suada; assustada! Logo percebeu que havia sido outro daqueles sonhos malucos. Estava chovendo lá fora o que explicaria o sonho com água – pensou a menina. “Mas que besteira. Um monstro marinho horrendo chamado “Ciência”, bobagem! Desse sim meu pai irá rir!” Voltou a adormecer, mas nada mais sonhou.

Na manhã seguinte contou o sonho ao pai e foi a ultima vez que fez tal coisa. Dali em diante nunca mais voltaria a ter os sonhos mágicos e fantásticos de seus tempos de infância; nunca mais.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O Triste Fim da Mulher de Zeus


O rio corre ali, adiante, logo mais a frente. Onde foram parar as belas sinfonias?!? No mar de rosas chamado ilusão o sol nasce derrotando Set, mas ali, adiante, logo mais a frente a estrela morre derrotada pelo deus das trevas o qual renasce para morrer novamente pela manhã, derrotado, numa luta sem fim, dia após dia. E o que se vê? A ignorância humana prevalecer. E que história é essa? Trata-se da história de mim, de você, de nós, vós, eles! A história não contada na Aka De Mia, mas cantada por nós na embriaguez dionisíaca! Aclamada por nossas almas sedentas de vida nas vertentes abertas das veias da América Latina, Central, Setentrional; do Satélite de Júpiter, da Líbia, da Ασία, da terra que é um Oceano; e das terras de Gelo! O mar ergue-se imponente em sua altivez e majestade sublime, alvo dos olhares temerosos e admirados daquele ser, aquele ser que não sabe ser humano! Este é eu, tu, ele! Insignificantes diante do desejo coletivo do vento em ser forte para destruir tudo e todos a quem ali, mais além, querer aprisioná-lo em um mundo chamado história européia! E sob a voz estrondosa de causar calafrios emanados das fendas expostas de todo o sofrimento joga sua ira “Tu novo velho mundo és apenas um Satélite e o mais deplorável de todos eles! Roubaste dos outros o melhor e disseminaste o pior de ti ao mundo! Que o mundo faça então a sua vontade e lhe devolva todo o pior na mesma intensidade!”. E ao levantar da cama naquela bela manhã de primavera a mulher de Zeus então se deu conta: estava aprisionada em sua própria ilusão de vida criada, a antivida! E foi assim, no grito estridente do desespero aterrorizante de gritar sem conseguir emitir som, invadida da desesperança profunda e do horror maior, na esperança de um socorro o qual nunca viria, que a Europa viu-se no espelho, uma asquerosa mosca desesperada, presa na teia da aranha chamada niilismo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Se sou poeta, por medo não digo;
Pois que meus versos atabalhoados,
Sequer inspiram um reles espírito,
Quem dirá à corja dos letrados!


Poetas muitos se proclamam: uma façanha;
Vejo-os, ó Deus, com demasiado espanto!
Onde vós encontrardes facilidade tamanha?
Se incapaz de versar me corroo em pranto!


Envolto nesta questão, numa tal solidão vespertina,
É que de ar meus pulmões inflo: que agonia!
Berro aos céus, sedento, e questiono à força divina:


Andastes, em vão, espalhando sementes de euforia?
Alhures, provocando noutros auto-enganamento?
Ou é em mim, ó Força, que não reluz talento?


10/02/2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Introdução à vertigem


O primeiro poema do ano nasceu do sono. Nós dois ainda quentes da cama quando uma fresta fina saída da rua trouxe luz para o quarto e ordenou: pegue papel e caneta, ou seqüestrarei sua inspiração. Ele obedeceu. Eu continuei achando que poesia é difícil de alcançar. Uma imprecisão, mesmo que minúscula, carrega tudo para o brega. Terreno ensaboado esse. O que mais vejo é gente escorregando. Tudo ficou ainda mais complicado ao observá-lo tecendo seu poema. Deixa ir, pensei. Vou é ficar quieta, olhando de fora. Ele sussurrava letrinhas baixas à procura da palavra ideal. Descobri que é um artesão das sílabas. A seu pedido, guardei na gaveta por quatro dias, e hoje minha relação com o resultado mudou. Já vi detalhes que o frescor do momento roubou, a cegueira do encanto escondeu. Porém, escrito a escrito, continuo cultivando a sensação de mundo preenchido que cada poema oferece.


Crepúsculo da aurora enfraquecida

O peso do mundo em suas costas não lhe permitia levantar
Prostrada ante a aurora turva da luminária enfraquecida, pensava:
O dia está belo, quero estar lá

E de repente a janela se abriu
Uma profusão de raios luminosos revirou toda a bagunça do quarto
E esse foi o crepúsculo da aurora enfraquecida

E também foi o despertar de um coração que ao se desvencilhar das soturnas amarras
Rodopiou pela casa e foi ser feliz por aí...


Poeta do Exílio
Janeiro de 2010


osgemeos/vertigem

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Lamentei por sua dor,

E suas lágrimas que corriam

Sobre as maçãs alvas de seu rosto;

E às dúvidas que a seu espírito assolava.

Senti o alcance de minhas palavras,

Não indo além de um palmo da minha boca...

Era como bater numa rocha.

Era como se sílaba após sílaba,

Minhas palavras se desfizessem no ar.

Sua dor era como uma rocha,

E demonstrou ser resistente...

Mas era um fantasma.

Maldito seja este fantasma.


18/06/09

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ossos do Ofício

Aqui estou. Deitado, nu, papel e caneta em mãos, confuso. Sinto-me inspirado, as águas voltaram mas dessa vez, turvas demais. A caneta falha... súbito desespero... ainda bem, alívio, foi só um alarme falso. Divido meu quente leito nessa noite solitária com o senhor Dostoiévski embora deva confessar que sou muito mais uma bela dama mas, as noites solitárias são assim mesmo: sem nenhuma dama, quanto mais uma bela. Álem do mais, devo até ser grato, mas vale um grande russo como companheiro do que um best-seller qualquer.

O problema comigo não é escrever, isso sei fazer até que bem - pelo menos é o que acho - , o verdadeiro problema é versar. Hoje cedo li um poema de Pessoa, magnífico. Tive vontade de fazer algo semelhante e aqui estou... deitado, nu, papel e caneta em mãos, e contudo, mais confuso do que nunca.

Acho que gosto do seguro terreno da prosa, o qual conheço muito bem desde os primeiros anos de escola. A poesia é como o estrangeiro, o diferente, o volátil, o mutável, me assusta. Só em pensar nas rimas, na métrica, na sintaxe, no vasto vocabulário de palavras... recuo covardimente e aqui estou, deitado, nu, papel e caneta em mãos e agora com a certeza de que não consegui escrever um poema e sim uma prosa.

Talvez eu seja assim mesmo, daquele tipo de Pessoa que dá os primeiros passos sem nunca vislumbrar onde o fim do caminho levará. Talvez seja o tipo de Pessoa que repentinamente é assolado por um avalanche de pensamentos, sentimentos, desejos, mas que logo passam e desaparecem em questão de poucos minutos. Só hipótesis. Tudo o que sei é que ao tentar versar acabei escrevendo repentinamente uma prosa. De repente minha próxima prosa pode vir a ser uma poesia, quem sabe... texto pronto. Aqui estou, deitado, nu, caneta e papel em mãos, e é claro, extremamente feliz.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Ode aos Vivos

Hoje acordei com vontade de sumir, por mais que sumir possa parecer uma vontade estranha - em alguns momentos faz perfeito sentido - mas logo passou...

Em seguida veio a alegria, a tristeza, a alegria novamente, o tédio, a raiva, o choro, tanto alegre quanto triste...

E assim se passou mais um dia na existência dos humanos.


O que concluo com esses meus típicos devaneios é que a beleza em todos os sentimentos, encontra-se na semelhança entre eles. Todos são interligados, fundamentais, essenciais, únicos e múltiplos, indispensáveis; descarte apenas um deles e todo o resto será afetado.


Hoje acordei com vontade de sorrir mas é quase certo que ao deitar-me ao fim do dia terei vontade de sumir... e isso me alegra, me da vontade de celebrar. Por mais que vontade de celebrar algo assim possa parecer estranho. Por mais que todas as sentenças acima possam parecer estranhas... não me importo, o que é valido aqui é o que estou sentido ao redigir essas palavras: me sinto feliz! Mas logo virá a tristeza e assim por diante...

mais um dia na existência dos humanos.


Devo dizer, caro(a) amigo(a), que esse não é um texto depressivo, em verdade vos digo, é um texto sobre a vida, uma saudação a sua magnífica forma. Afinal, suportá-la por tantos anos a fio é uma arte, e das mais requintadas que se tem notícia.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Desleixo



Eis aqui a minha maior obra prima! Seu nome? O Desleixo!




FIM

Su, su, urros!

Os brilhos, encantos e cantos sussurraram pra mim. Logo notei! Algo estranho acontecia! Os encantos jamais sussurram! Sempre cantaram pra mim! Em alto e bom som! Um infeliz me disse certa vez:

- São os dias de hoje, a vida é assim!

Assim. Assim, era a vida dele, sem graça, encanto, beleza, arte, a não ser aquela tal arte das "pessoas na sala de jantar ocupadas..."

Outro foi mais audacioso!

Com uma arma em sua mão dizendo-se O Justiceiro!
Pois, que pague o que deve esse charlatão!

Hoje acordei tarde, Apolo demorou a lançar os primeiros raios de luz do alvorecer, também pudera, havia fumaça cinza por todo lado e nada de céu...e ainda algunxs desgradévais se perguntam:

- Porque os Deuses estão zangados conosco?

Todavia, o sussurro me preocupa. Estarei perdendo a sensibilidade?

Minha roda se pôs a girar...

Tlec tlec tlec

"Sorte de hoje: Catástrofes mundiais, tome cuidado, não forneça sua senha a estranhos"

Em que época estamos mesmo? Tomara que não seja na Bela Época...

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Para ler no novo ano

Quisera eu inventar mil palavras, para proferi-las aos ventos com meus mais singelos desejos. Suponho, no entanto, que nenhuma delas conseguisse traduzir o que guardo no peito.

Desejo-te, então,
que mesmo que não ouças minhas palavras
ou tão pouco consiga entendê-las;
desejo-te que sintas aquilo que emano em mim
e tão pouco consigo transpor ao som.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sobre essências e sobras

Que vendaval de pensamentos me acomete agora!
Que multiplicidade globalmente plural de idéias!
Voei por distantes cantos do mundo
Estando parado em uma cadeira qualquer,
Tão casual que não consigo sequer escrever um poema.

Há pouco pensava em mudanças e essências,
Mas tinha à frente esses dispositvos catadores de sobras:
Sobras ao que é essência,
Ao que é necessário à sobrevivência.

Logo surgem músicas e poemas
(Mais letras e letras e letras),
Parece que um espírio beat encarnou em mim,
Parece que sou capaz de escrever tudo o que me vem à mente AGORA,
Mas me falta caneta, me falta papel,
Antes que eu possa desenhar a idéia, esta já foi
E já estou em outra e em outra e em outra
E são tantas que parece não sobrar nada,
São tantas que parece não haver essência,
Ou ser absolutamente TUDO necessário à sobrevivência.

Mas não, sei que há outro modo de pensar,
Sei que este exato instante não pode ser captado,
Sei que não é possível abarcar o todo!
Já refletia Cassady sobre a incapacidade de romper os segundos entre o pensamento e a fala:
Neste ínterim muito se perde
E o que se tem já é parcial,
Já é essencial.

Por isso, Caeiro, não me venha com essa de ver as coisas como elas são!
Neste momento penso diferente
E isto igualmente se dissolverá
(Mas insisto em acreditar que o essencial é invisível aos olhos).

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

semestral

Andrew Wyeth. Otherworld, 2002.

e o tempo engole a inspiração.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Antes de começarmos gostaria de falar algumas coisas:

Já faz algum tempo que queria escrever algo sobre o simples ato de "escrever" mas, faltava-me a inspiração para tal. Pois bem, tal inspiração surgiu a alguns dias atrás durante uma aula de África e gerou o texto que seguirá abaixo. Afinal, "escrever" sempre me pareceu um tema pertinente. Escrever é aquele ato simples que alegra os corações dos exílados... e por falar neles (as), os saudo! Parabéns aos exilados (as) - que completaram um ano -, continuando a escrever, a parir suas próprias idéias, para, quem sabe um dia, alcançar a derradeira paz de espírito. Vamos adiante...

Aqui deveria vir um título, ou não.

O turbilhão de águas volta a assolar minha mente. Chega do nada, sem avisar, como sempre faz. As águas gostam de fazer surpresa. Rapidamente me invadem, varrem, destroem meu espírito com toda sua força, suas cores, formas, cheiros, essências. Abstrações. Nada mais que isso.

Tão rápidas quanto vieram elas partem deixando para trás o terror de sua presença mas, ali em meio ao caos podemos ver emergir uma singela forma; as letras. Estão todas ali, solitárias e perdidas, molhadas e com medo. Ao passar vendo elas daquela forma não posso me furtar em ajudá-las, sempre ajudo, mas ainda não sei muito bem se por autruísmo ou por egoísmo mesmo.

Começo a juntá-las, agrupá-las, esquentá-las, amá-las... para que não se sintam mais sós. Elas me agradecem, ficam felizes, dançam de felicidade. Transam. Uma verdadeira orgia! Um puta bacanal! Uma sopa de letrinhas! Sublime!

Dessa linda dança-cópula-sopa nasce algo mágico, algo que é produzido pelas letras mas não pode ser explicado por elas. Algo que só o escritor sente, e sente apenas por um breve instante. Por isso mesmo escrevo esse texto... Todo escritor sabe que as águas (e a dança das letras) passam rápido. O que sobra de sua passagem, seu reflexo e sombra, é o que chamamos convencionalmente de poesia, mas essa também vai rápido se não for quase que imediatamente registrada perde sua graça, seu encanto, sua luz...
E enquanto ao lodo, ao entulho, as rochas, ao limo, ao mortos? E enquanto ao resto? O que acontece com ele? O resto é o que chamamos de literatura! E como é magnífica!

Esse texto foi inspirado no poema "O Guardador de Águas" de Manoel de Barros.

sábado, 17 de outubro de 2009

vomitaciones

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the glimpsy of my death ( o instante da minha morte) – salvador dalí
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só tenho vontade de escrever num estado explosivo, num clima de acerto de contas. hoje estou bem embriagada. as palavras me tomam, perdón.


- as transparências enganam.

- tudo está a um passo de entrar em erupção.


duas frases que ouvi hoje. não consigo me livrar delas. tenho lido bastante sobre surrealismo e não sei se conseguiria conviver com surrealistas. li que eles costumavam se reunir em torno de uma mesa e trocar maluquices. escrever sem freios, inventar e ressignificar palavras, pintar um mundo ao avesso. talvez ficasse quieta, só observando. ou participaria com aquele meu jeito de mediadora, que não sabe lidar muito bem com o silêncio e tenta ocupá-lo com algum comentário (de preferência um que provoque risadas). mas isso só aconteceria se estivesse embalada a boas doses de algo que afrouxasse os nervos. e você, a quantas anda de entrar em erupção? não pense que não sei que essa cara de muitos amigos é só paisagem. os cumprimentos nos corredores não passam de cordialidade. você queria explodir todo aquele prédio amarelo esquisito e talvez ir junto pelos ares. eu não te conheço, você não me conhece, mas fingimos que sim. ana embriagada está aí para misturar as coisas, fugir das linhas narrativas, viver a vida como um roteiro para uma peça de teatro que ainda está por vir, ou não.


para finalizar, um aperitivo da erudição de uma coroa burguesa que quase me fez vomitar lava sobre os pratos. o assunto rodeava as diferentes maneiras de se dizer uma mesma coisa. sete minutos de discussão: bidê, criado mudo e mesinha de cabeceira. ou seja: móvel que fica ao lado da cama, feito geralmente de madeira; serve principalmente como aparador de livros, garrafas d'água e celulares. segundo nossa digníssima dama da sociedade cacaumeneziana, quem fala "bidê" são os manézinhos catadores de berbigão, povinho sem cultura. nós, os bem nascidos, que tomamos café no iguatemi cinco vezes na semana, dizemos "mesinha de cabeceira". e criado mudo? coisa de classe média.
ai que nessas horas eu sinto na pele a dor e a delícia de estudar história.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cortando o bolo, depois que apagaram a luz!

Uma coisa que faço quase sempre quando acesso nosso sítio é descer por entre os posts mais antigos. Faço isso no intuito de perceber se algum comentário novo fora feito ou até mesmo para reler algum desses posts e dar umas risadas (no caso dos mais antigos isso ocorre costumeiramente). Hoje ao realizar essa rotina, cheguei até o primeiro post e me dei conta de um acontecimento importante (é, sim!)! Vejam meus caros colegas, a primeira postagem data de 05 de setembro de 2008. É isso mesmo, pasmem! Nosso sítio já tem mais de um ano. Pensei: tecnicamente o primeiro post decente data de 07 de setembro, mas, de todo modo já se passou um ano e quase um mês.
Por uma iniciativa tomada por Paula Tejano, Poeta do Exílio e Zé do Trilho, o letras no exílio emergia online naquele glorioso dia 05 de setembro, e, ao longo destes 13 meses, outros talentosos colegas se juntaram a tríade inicial e hoje formam um time de colaboradores com algo em torno de 13 membros. Este blog já passou por várias fases, fases com alta produtividade, fases de escassez, fases de chegada de novos membros, fases de saídas. E para cada sopro de imaginação um personagem diferente, um mundo particular, múltiplas temporalidades e múltiplos também são os espaços em que estão circunscritos estas várias histórias. Histórias curtas, longas, em prosa, em verso. Houve sonetos, cordéis, poemas sem formas, com formas, mares, terras, perigos, aventuras, alegrias e tristezas. Cada retrato pintado com palavras e cores variáveis de um canto físico diferente que nos remetia para um canto fantasioso, distante, mais próximo de nós que imaginávamos.
Vida longa ao nosso exílio!

sábado, 26 de setembro de 2009

Enfim, apresento-me.


Recordo-me que falava do tango, sinto-me deveras emocionada quando me refiro a tal ritmo. O compasso do acordeom e a volúpia dos corpos rodopiando em meio ao salão me encantam.

O tango é o bater dos corações dos amantes em euforia, o êxtase supremo que escapa dos corpos e ganha vida em forma de som. Tão excitante quanto o orgasmo de mil virgens. Esse ritmo, para mim repleto dos mais sutis significados, segue o fluxo contrário dos demais sons. Sobe-me pelas coxas como as mãos de um amante fervoroso até chegar ao meu peito, aonde adentra minha carne e se instala em meu órgão pulsante.

Ao ouvir o tango revivo minhas lembranças, as quais escapam de minha memória e se postam frente aos meus olhos, como um presente momentâneo.

Vejam só, já estou eu novamente me perdendo entre os mais variados pensamentos sobre o tango. Prometi-lhes contar minha história, assim o farei, e começo pelo exato momento em que escolhi o meu nome. Não me entendam mal, não escondo aqui meu nome verdadeiro por não gostar deste, muito menos por vergonha daquilo que irei narrar, apenas acho que meu nome não combina com o tom que levei minha vida.

Naquela noite cortei meus pulsos! Sim, para mim é natural falar isso assim. Mas talvez minha calma ao anunciar esse fato se dê pela ausência do desejo de morrer. Pode parecer engraçado alguém cortar os pulsos senão para morrer. Replico dizendo que já me sentia vazia de vida antes mesmo de passar a lâmina pela minha carne. Suponho que quisesse lavar minha alma com sangue, já que o vinho não cumprira tal encargo. Nem mesmo a cachaça mais amarga apagaria minhas dores naquela noite.

Talvez a dor carnal diminuísse aquela entranhada em meu órgão vital. Mas, de fato, não cheguei a senti-la, ao ver o ferro atravessando as finas camadas de minha pele, hesitei. Prefiro entregar-me aos prazeres mundanos do que mutilar-me pelas dores que alguém plantou em meu peito.

Assim aconteceu, procurei o rouge entre meus pertences, corei minha face, apertei os lábios, soltei meus longos cachos e sai a procura de um macho que pudesse me preencher com sua virilidade. E foi nos braços de um belo exemplar masculino que matei a mim mesma, foi nos braços de um belo exemplar masculino que criei a mim mesma.

Agora eu era Cacilda B.

sábado, 19 de setembro de 2009


Humanum Desejus Mortalis

Era uma vez um pequeno moço chamado miguel. Miguel havia nascido no interior desse imenso Brasil, numa casa de campo,c om família campesina, com cachorro puguento, e com cheiro de terra.Desde muleque sempre fora muito afeito da natureza. Os campos, insetos, bois, riachos, cachoeiras... até mesmo o estrume dispertava interesse no garoto. Mas nada na natureza podia ser mais grandioso e fascinante que a Árvore que crescia em seu jardim.

O pai, Bento, dizia que aquela Árvore estava por ali muito antes desse mesmo nascer! "Aquela Árvore tem muita história para contar meu filho" dizia o velho Bento enquanto enrolava mais um palheiro - seu maior prazer em vida e também a causa de sua morte.

Desde então Miguel dedicava grande parte de seu tempo a deitar sob a sombra da Árvore e contar-lhe suas histórias. Contava a Árvore de tudo: da vez em que descobriu a cachoeira secreta, da vez em deu uma surra em Tulio por causa de Ritinha, da primeira vez que teve de ordenha a Anastácia, da vez em que pegou a arma de seu pai escondida, da vez em que junto aos outros garotos da redondeza espiara as meninas a banharem-se no riacho, da vez em que capturou Rogério (seu amado passarinho)... entre tantas outras histórias de meninice
mas, algo continuava a pertubar o garoto. Ao contrário do que seu pai dissera, sua amiga, dona Árvore, por mais que fosse uma ótima confidente tinha um defeito: não dava um pio!

Miguel cresceu, foi estudar direito no Rio de Janeiro, casou, teve quatro filhos - as mais novas eram gêmeas. Só voltou mesmo aquele maldito fim de mundo de sua infância quando recebeu a notícia de que seu pai falecera. O tabaco o matará. Seu Bento nunca deixou de fumar, velho teimoso, dizem até por ai que ele morreu com um sorrisso no rosto, enquanto enrolava um palheiro, é claro. Convicto de sua filosofia, grande homem - Miguel pensava. Mas agora que ele se fora para o grande ceu dos fumantes a velha fazenda ficara para seu único filho - sua mãe, Maria, esse nunca chegou a ver, só mesmo em foto. Morrera ao lhe conceder a vida.

Foi, em um dia ensolarado, sozinho até a fazenda do pai. Pensava no caminho que ao invés de vende-lá poderia fazer uma chácara agradável para a família, as meninas iriam adorar! Quando chegou percebeu que tudo estava exatamente como era! Os móveis, o chão, o velho fogão as rachaduras no teto, as inflitrações na parede, tudo! O tempo não surtia efeito naquele lugar ou pelo menos passava de modo diferente. Quando chegou ao quintal teve a maior das surpresas... dona Árvore ainda estava lá!

Miguel foi tomado por uma alegria de criança em dia de aniversário, foi correndo dar um abraço em sua velha amiga. Deitou-se no chão como costumava fazer e começou a contar-lhe as histórias de sua vida no Rio de Janeiro, já ia fazer quase 25 anos que fora embora de casa. Passou o dia a falar, um tagarela de carteirinha, nem o Sol aguentou tanto papo e logo se retirou mas dona Árvore não... ficou ali, firme e forte, a escutar.

Antes de retirar-se para dormir Miguel fez uma pergunta que sempre quis ter feito:
"Dona Árvore, por que você nunca me responde?"
Mas a ÁRVORE nada respondeu...
"Entendo." Ficou cabisbaixo e foi se deitar...

Na manhã seguinte preparou seu café ligou para a esposa ,disse que estaria de volta ao anoitecer. Foi até o antigo galpão do pai e pegou a enferrujada motoserra. Foi até a Árvore e, dessa vez, sem dar nenhuma explicação à cortou por inteiro. Enquanto a gigante despencava ele escutou uma voz que dizia:

"Humano tolo! Será que não entende! Árvores não falam!!!"

Queria ele ter achado que essa fora uma resposta da Árvore, mas não era, era apenas o seu próprio pensamento a reverberar no crânio.

"Eu sei, querida amiga. Não espero que um dia você entenda esse meu ato. Eu, apenas, precisava fazer isso."

Mas dessa vez não falou para a Árvore, falou para si.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Coragem

Hoje prometo não me estender,
pensamentos contarei em versos,
este ofício ainda me é obscuro,
prefiro em prosa me expressar,
contemplando o céu, contudo,
decidi concentrar-me e tentar.

Nesta imensidão do Amazônas,
escreverei meu primeiro cordel,
depois de receber lápis e papel,
cumprirei o que me fora pedido,
a história ainda irei contar,
nesta noite, porém, vou devanear.

Dos meus pensamentos caçadores,
muitos prendo por precaução,
todavia, libertarei algum,
este é o quero lhes passar,
é a ação de um coração comum,
a atitude de se transformar.

A inspiração custa aparecer,
na solidão é difícil esblandar,
ainda só me sinto mal acompanhado,
procuro sentido no destino traçado,
o verde amazônico deixa-me intrigado,
melhor tentar resumir e, continuar.

Apenas examino o poder de agir,
sobre uma forte batida do coração,
sentir constante energia aflorar,
com uma firme e plena decisão,
de revirar os medos e tensões,
e dar cor a todas nossas ações.

Assim, aqui me faço despedir,
desconhecendo se fora cordel feito,
inda dificulto com pouco conhecer,
de versejar idéias em mensagens,
contudo, neste convés me prosto,
a bela e maestra "coragem".

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Apenas uma menina...

Eu poderia ser mais detalhista ao me apresentar, no entanto me parece cedo...
não por nada...
juro!
sou eu mesma, ainda muito menina e temerosa...
ando pelas terras longinquas desde tempos remotos, embora sempre menina!
Pulo feliz todos os dias...saltito!
Toco música de pássaros que escuto e digo la bem fundo de mim mesma
com imperativos afirmativos:
você é uma passarinha!
mas não sou...na superficie eu sei...
sou apenas uma menina que toca flauta;flautista
que saltita;saltitante
sou portanto...uma menina flautitante!
Bom dia meus amigos do exilio...toco essa musica pra vocês...de um passáro muito esperto que canta no cerrado do Planalto central!
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ouviram?
pra vcs...

Vai um caldinho ai?

Preto, aguado, sem sal.
Sem cheiro, sem gosto... sem graça.
Somente com aquelas perdidas e solitárias folhas de louro boiando para depois não falarem por ai que não temperam com nada.
Como é difícil essa vida de universitário. Muito empenho para pouco dinheiro no futuro, mas façamos pelo prazer, pela paixão, é isso que dizem não é, assim fica mais fácil de suportar. E também, se tem algo que ajuda a suportar os anos de faculdade, esse algo, é o feijão.
Mas não pelo sabor, não se enganem, pelo sustento mesmo.
Encarar o feijão do famoso RU, para mim, é nostalgico. De certa forma me lembra de casa pois, ao comer aquele feijão percebo o quanto o feijão de minha mãe era bom. E não que minha mãe seja lá uma chefe de cozinha - na verdade passa bem longe disso - mas é aquele feijão de infância. Fica cravado na mémoria, ou melhor, na linguá.
Lá em minha casa havia uma eterna disputa para saber quem fazia o bendito do melhor feijão, se era a mãe ou a empregada, pois somente as mulheres cozinhavam. Sim, eu sei, casa machista, tipicamente nordestina, fazer o que... mas acho que no fundo todos tem uma pequena pitadinha desse karma chamado "machismo" - as(os) feministas que me perdoem.
Nunca revelei as mulheres de minha casa qual era o meu feijão favorito, para não gerar desavenças, sabe como é. A preferencia vai morrer comigo, é melhor assim. Mas só posso revelar uma coisa com toda a certeza: qualquer um dos dois era muito superior a esse de universidade!

E não me venha com essa que feijão e tudo igual não!
Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é um bom feijão.

domingo, 30 de agosto de 2009

Tango noturno

Peguei-me a ouvir um tango um dia desses, confesso que tal ritmo faz minhas veias pulsarem com mais vigor. Lamento que não tenha aprendido, quando ainda jovem, a emaranhar minhas pernas as de um macho ao som de um bom tango; refiro-me à dança, logicamente. Sempre fui fascinada por ela, porém quando moça preocupava-me em me emaranhar em pernas de uma outra forma, e sempre fui boa nisso.


Agora reservo-me às lembranças da juventude, e aos sonhos que por vezes permito-me ter. Já que a dança, esta já não dialoga mais com meus joelhos. Desculpe-me o saudosismo, garanto-lhes que não sou uma velha rabugenta que culpa a juventude dos outros pela ausência da sua. O fato é que a juventude está no espírito e não nos joelhos, desta forma julgo-me jovem; mesmo que as linhas de minhas mãos e os traços do meu rosto insistam em negar tal sentimento.


Contar-vos-ei minha história, mas não esta noite. Esta noite entrego-me ao tango.

sábado, 22 de agosto de 2009

Do sonhar nas nuvens

N’outrora, naquela Lisboa de ultramar,
Dentro de uma taberna qualquer:
Vi Bocage, seus versos a declamar,
Face aos olhos d’uma formosura de mulher!

E Camões? Onde havia de estar?
Pois também o vi, ó gigante do versejar!
Sua barba a coçar: bendita a força que o fez!
O que fez foi celebrar, foi avisar seus reis.

E com aquele que dizia,
Que o poeta finge “descaradamente”,
Aprendi que possível era,
Fazer versos como quem sente.

Tais foram os poetas:
Delirantes, beberrões e amantes;
Que fizeram de sinapses incertas,
Versos não menos palpitantes!

Mas esta viagem havia de acabar:
No fundo, no fundo eu sabia;
Pois na alvorada, aqui é hora de acordar.
E lá no sonho, bem... no sonho não me parecia.

22/08/09

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Chegada de Paula Tejano Ao Inferno


(Em homenagem à José Pacheco)


Sonhei que fui ao Inferno
seduzida pelo Diabo,
Fui muito bem recebida
vinhos e pães (quem diria!) bebida.


Velhos tragavam seus cigarros,
virgens ninfetas desfilavam como em passarelas
suicidas vagavam entre as caldeiras...
Entre chamas, nos bares e nas casas: escarradeiras!


Reduto de todo tipo de gente, má.
Quando em Voltaire acordei
Parecia ainda estar lá...




terça-feira, 18 de agosto de 2009

O TÉDIO


O tédio. O cansaço de não fazer nada. Mas, o que é o nada? És esta sempre uma boa pergunta. Em sua maioria as respostas mais prudentes a esses tipos de questionamentos são as que vem do interior de cada indivíduo, sendo a sua compreensão algo muito particular e peculiar, baseada na experiência de cada um. Tal entendimento é intrínseco, e a tentativa de exprimi-lo sob qualquer forma (palavras, gestos, expressões, pensamentos, etc) é falha. Falha porque transmuta. E na ousadia de buscar explicá-lo falamos de uma coisa a qual já não corresponde mais ao ponto pleno de compreensão, e sim a um entendimento contaminado por nossas experiências e visões de mundo. Estamos sujeitos sempre ao olhar que disparamos sobre os objetos. O padrão é uma imposição dura e cruel, mas precisamos dele. A essência é uma palavra a qual se tornou um padrão para descrevermos algo puro, uma origem primeira que carrega um sentido único sobre cada coisa. O nada e o vazio. Coisas as quais podem parecer muito semelhantes entre si, mas de um abismo gigantesco entre elas. São os sinônimos também padrões para ousar compreender a essência das coisas. Porém o nada é o nada e o vazio o vazio. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Figuras de linguagem, a gramática, a linguagem escrita e falada em si, constituem uma das formas de comunicação mais comuns utilizada entre os seres-humanos. Entretanto, mesmo que as pessoas falem da mesma coisa, é muito provável que possam estar falando de coisas muito diferentes, uma vez que cada uma delas tem a sua visão sobre determinados objetos. Neste sentido a lei, a imposição de padrões, condutas, é uma violação gravíssima contra o indivíduo! Talvez muitos(as) digam que precisamos das leis, padrões, etc. porque não tentaram viver de outro jeito, e acreditem que realmente seja possível um entendimento pleno. Muito provavelmente também graças a visão empregada para a definição do conceito de sociedade utilizado pelas pessoas. Em tal concepção a integridade do indivíduo estará muitas vezes posta em cheque.


O tédio. Sentimento de estar farto sobre determinada coisa. Coisa. Talvez a palavra mais abrangente e libertadora da humanidade. Pois coisa pode ter uma gama talvez infinita de significados.


O tédio. Queria fazer alguma coisa, mas não encontro nada pra fazer. Estou, portanto, entediada. Possivelmente não encontro nada pra fazer, porque nada é muito amplo. Existem muitas coisas pra fazer. E talvez eu queira fazer alguma coisa diferente das que sempre faço, mas não sei o que. Daí uma possível explicação para o fato de estar entediada. Todavia, o indício da resposta mais coerente para o porquê esteja entediada seja: “eu não sei”.


O tédio. Não fosse ele nada disso teria sido escrito. Mas...o que é o nada!